Fundador faz revelações sobre o polêmico culto religioso conhecido como “cair no espírito”
Conhecido como “cair no espírito”, o culto que atrai cada vez mais seguidores no Brasil e no mundo, chama a atenção por expor seus seguidores a rituais perigosos e intrigantes. Comandados por um líder religioso, os fiéis ficam imóveis, caem e se debatem, em transe, no chão; muitas vezes, todos ao mesmo tempo.
Em conversa exclusiva com a repórter Heloísa Vilela, do Domingo Espetacular (Record), um dos fundadores do movimento, Paul Gold, arrependido, revela que as práticas vão contra às Escrituras Sagradas.
- Em dois anos, cerca de dois milhões de pessoas do mundo todo visitavam a Igreja do Aeroporto de Toronto, pra receber esse espírito, essas manifestações e essa “bênção”. Hoje eu diria que isso é uma coisa um tanto quanto macabra.
Paul conta com detalhes como surgiu o movimento. Ele comandava as orações e os rituais do ‘cai-cai’. Era um dos principais nomes da igreja, mas durante um culto, percebeu que existia algo de errado naquilo tudo. Ele conta que as pessoas imitavam cachorros e comportavam-se como bêbados.
- Hoje eu acredito que esse espírito é um espírito falso, um espírito enganador e não o espírito sagrado das Escrituras.
Gold diz que estava em transe quando veio um pensamento de que aquilo era errado.
- Na mesma hora, meu coração se convenceu e na mesma hora eu pedi ao Senhor Jesus para me perdoar, por ter sido tão tolo, tão ridículo.
Gold decidiu então se desligar da igreja e escreveu uma carta que afirma “o diabo usa o ‘cair no espírito’ para cegar as pessoas, o movimento viola as Escrituras Sagradas”. O pastor acabou ficando doente. Foi então que percebeu o quanto havia se enganado.
- O Espírito Santo, o próprio nome já diz, é santo. Ele nunca vai encorajar as pessoas a fazer algo que não seja sagrado. As pessoas, a humanidade foi feita à imagem de Deus, por que Deus depreciaria a humanidade fazendo as pessoas parecerem animais?
À repórter Heloisa Vilela, o fundador do movimento do ‘cai-cai’ mandou um recado aos brasileiros.
- Por favor, pastores, não adotem isso. Não pensem que é uma coisa boa. Isso não é de Deus. Isso é um esquema do diabo. E isso vai trazer destruição aos homens, mulheres e crianças que abraçarem isso.
Para o neurologista Marcelo Sogabe, existe uma explicação médica para as quedas em série.
- Isso é dado o nome técnico de pareidolia, que por algum motivo o cérebro é condicionado a reagir, conforme todos vão reagir. O cérebro precisa procurar imagens e quando as busca e vê todos caindo, ele também condiciona a pessoa, a fazê-lo.
Pessoas arrependidas
Na cidade de Araraquara (SP), Cecília Moura, evangélica há mais de trinta anos, participou durante quatro anos de cultos que adotavam o “cair no espírito”, mas percebeu que, durante as realizações dos cultos, algo estranho acontecia.
- A gente caia, ficava rindo, rolando no chão, mas aquilo me trouxe um questionamento em termos de resultado. O que aquilo trazia para a minha vida? Nada.
Desiludida, Cecília decidiu que era hora de abandonar o movimento.
- Há algo que tenho que fazer e há algo que eu tenho que fazer por mim. E com certeza não era caindo no chão e rindo que minha vida ia mudar.
Hoje, ela e o marido abominam tal prática e se diz curada das enganações impostas pelos pregadores.
Clemilda da Conceição também costumava cair na igreja. Ela buscava conforto depois de uma separação traumática. Ela buscava conforto na igreja, mas não entendia e nem gostava da sensação.
- Eu não conseguia entender, porque o que eu buscava não era cair. Eu buscava o Espírito Santo, eu buscava mudanças. Eu caí, mas nada mudou. Eu não tinha os dons do Espírito que a Bíblia fala que você tem que ter. E perceber isso, foi importante para me libertar.
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